31 março, 2007

Now the drugs don't work...

A idade te presenteia com a maturidade, mas junto com ela há uma redução drástica do que seria a paciência, você parece temer o tempo, viver mais por segundo, fazer mais por minuto, viver vidas em cada vida, atropelando todo e qualquer percalço que possa aparecer por temer que o tempo corra ainda mais depressa enquanto você se preocupa em tornar as coisas mais simples.

E aí você parece querer segurar o ponteiro do relógio com os dentes enquanto as mãos ocupadas tapam os ouvidos para impedir que o tic tac enlouqueça até o ponto em que você precise gritar, o mais forte possível, arrebentar a garganta, provocar rouquidão e assim parar o tempo. Não parar o tempo para sempre, não para evitar que as flores nasçam, as folhas caiam, que o sol se ponha e que a lua mude, mas um piscar de olhos, o tempo suficiente para avaliar a vida, o passado/presente/futuro. Assim, o ato de esperar ganha um amargor inexplicável, começa a se tornar incompreensível quem espera à hora passar olhando pela janela fazendo simplesmente nada, aguardando a oportunidade que não chega, se apegando a um algo que não volta.

Mas ao mesmo tempo você descobre que há a vontade de ignorar todo e qualquer movimento do mundo quando absorta por suas dores. Sejam quais forem elas, das físicas as dores da alma... Angústias, confusões, dúvidas, tudo é capaz de lhe questionar o tempo e provocar a pausa nas ações enquanto a cabeça martela a uma velocidade ainda maior do que a vida costumava correr. Então resolvo que é tempo de fechar as portas, abrir as cortinas, deixar a escuridão da noite entrar, esconder nela as lágrimas de quem teme o tempo e tatear em busca da claridade, da cura, do alívio. Ignorando o tempo e sabendo que ele pode esperar. Suspiro, questiono, observo. Ao ritmo da trilha sonora eu tento contar as notas, a quantidade de batidas no violão, tan, tan, tan, ta... “And I hope you're thinking of me… As you lay down on your side… Now the drugs don't work… They just make you worse… But I know I'll see your face again”... tan, tan, tan, ta... Assim repetidamente, até os olhos pesarem e o corpo cansado repousar na cama para dois, ignorando o tempo nos sonhos, sabendo que entre acelerações e pausas, a velocidade média torna a vida ideal.